16 de julho de 2024

O alarme

Mais uma noite em que o alarme em algum lugar da vizinhança dispara no meio da noite.

Não sei se é um carro, um estabelecimento comercial, uma casa, um depósito...

Só sei dizer que quase toda noite tem um alarme que dispara aqui perto da minha casa, e que supostamente deveria proteger a propriedade de alguém.

Porém, o alarme dispara e fica horas tocando, sem que o dono da parafernália se mobilize para verificar a situação e desligá-lo.

Aí que entra a ironia da coisa: como um apetrecho que deveria proteger a propriedade de algum indivíduo simplesmente não respeita a propriedade e a paz alheia, tirando o sono de toda uma vizinhança?

Porque alguém instala um alarme se não vai verificar o motivo dele ter disparado?

É para chamar a atenção? 

É um insone que o escuta como música aos seus ouvidos, e sabendo que este vai trazer insônia aos vizinhos também, se sente incluído na comunidade?

Qual o propósito de algo tão despropositado?

Sinceramente, nos tempos modernos, esses alarmes barulhentos são a coisa mais inútil e ultrapassada que alguém poderia adquirir. 

Existem milhares de tecnologias mais modernas, em que o alarme dispara numa central de segurança apenas, existem câmeras de segurança que observam qualquer movimentação estranha no estabelecimento, mas nããããão! 

Tem sempre um atrasado tecnológico que acha bonito incomodar a vizinhança inteira com seu alarme inconveniente.

Por conta do episódio, acordei às 5 da manhã e só consegui retomar o sono por volta das 6:30.

E, provavelmente, o dono do alarme estava dormindo tranquilamente, tendo em vista que este ficou tocando por horas a fio e ninguém apareceu para desligá-lo.

Tá certo que a cidade é barulhenta o tempo todo, mas um pouco de bom senso para amenizar a poluição auditiva das pessoas seria bastante válido, não acham?

E ao dono do alarme, fica o recado: desinstale essa porcaria.

Porque se a segurança de seu patrimônio dependesse desse barulho estridente e chato apitando a noite inteira e incomodando todo mundo, seu carro já estaria no desmanche e os pertences da sua loja todos sendo revendidos numa barraquinha clandestina por aí...

12 de julho de 2024

Um conto sobre a coragem

Era uma vez, em uma pacata cidade, uma família peculiar conhecida por suas aventuras extravagantes: os Audaz. 

O patriarca, Sr. Fernando, era um homem de estatura mediana, mas com uma coragem descomunal, que sempre o levava a enfrentar desafios absurdos. 

Sua esposa, Sra. Laura, era a voz da razão, mas compartilhava do espírito aventureiro do marido. 

E então havia os gêmeos, Pedro e Patrícia, que herdaram a coragem dos pais, mas ainda precisavam aprender a usá-la com sabedoria.

Certa manhã, enquanto tomavam café, o Sr. Fernando anunciou: "Hoje, vamos enfrentar o maior medo da nossa vida: o monstro do lago Bravura!" 

Os olhos dos gêmeos brilharam de excitação, mas a Sra. Laura apenas revirou os olhos, sabendo que o "monstro" era provavelmente um peixe grande ou alguns patos do lago.

Equipados com suas mochilas, redes e  equipamentos de caça para enfrentarem o monstro, a família marchou até o lago. Os cidadãos os observavam, divertidos e incrédulos. 

Ao chegarem à beira do lago, o Sr. Fernando, cheio de audácia, deu um discurso inflamado sobre a coragem de enfrentar seus medos. 

No entanto, antes que ele pudesse terminar, um barulho estrondoso veio do lago.

Era o "monstro", que nada mais era do que um pedaço de tronco que se desgarrou da árvore e caiu no lago.

Os gêmeos caíram na gargalhada, e até o Sr. Fernando não pôde deixar de rir da situação. 

Foi então que a Sra. Laura aproveitou a oportunidade para ensinar uma lição importante: "A verdadeira coragem não está em enfrentar monstros imaginários, mas em encarar os desafios reais da vida com coragem e determinação."

Naquele dia, a família toda aprendeu que a coragem não é medida pelo tamanho dos monstros que enfrentamos ou imaginamos, mas pela capacidade de enfrentarmos nossos medos e limitações com humor e resiliência. 

E, embora nunca tenham encontrado um monstro de verdade, essa história segue lembrando a todos que a coragem vem em muitas formas, inclusive na capacidade de rir de si mesmo.

Por isso, vá pra vida com coragem! 

Ria de si mesmo, de seus erros, comece de novo!

Os “monstros” que você carrega na sua mente só são “monstruosos” enquanto você permite que sejam, quando você não se abre para olhá-los nos olhos e perceber que não apresentam perigo algum… 

5 de julho de 2024

Master 80 x Master Z

Amanhã, eu e meu namorado vamos visitar o meu sogro no interior.

E, como normalmente acontece quando estamos no ranchinho dele, ficamos papeando horas e horas à beira da piscina, tomando cerveja com limão-cravo e sal e ouvindo playlists selecionadas só com música boa.

No entanto, de uns tempos para cá, uma nova tradição foi incorporada à nossa rotina todas as vezes em que vamos para lá, e que consiste no seguinte: papo vai, papo vem, atualizamos as novidades e, quando dá aquela esfriada no papo, alguém joga uma pimenta no dia e lança a pergunta: "Vamos jogar um Masterzinho?"

Para quem não sabe, Master é um jogo de perguntas e respostas lançado pela Grow em 1983, que testa os conhecimentos gerais dos jogadores através de perguntas em 9 categorias variadas (Geografia, História Natural, Variedades, Artes, Cotidiano, Ciências, Entretenimento, Esporte e História), desafiando a inteligência, a memória e a bagagem cultural de cada participante, uma vez que você precisará acertar ao menos uma pergunta de cada categoria para vencer o jogo.

E por que "pimenta no dia" quando alguém lança a pergunta "Vamos jogar um Masterzinho?"

Simplesmente porque, toda vez que jogamos, vira uma bagunça generalizada!

É um falatório e um debate a cada pergunta que é feita, o que sempre rende várias histórias emendadas em outro assunto relacionado à pergunta do jogo, fazendo o papo que havia esfriado ficar "quente" igual fofoca nova, e voltar a mil no decorrer da tarde.

E o jogo em si, que em tese demoraria uma hora e meia para terminar, se estende muitas vezes até a madrugada, numa disputa acirradíssima e sempre muito divertida.

Mas, voltando ao jogo, a galerinha jovem deve estar se perguntando: "De onde você tirou que existem 9 assuntos no Master? Comprei esses dias na Amazon e o jogo tem 6 assuntos!"

Ah, rapaziada... Eu também comprei esse Master lançado há pouco tempo que tem 6 assuntos (Artes, Ciência e Tecnologia, Entretenimento, Esportes, Geografia e História), e foi uma bela decepção.

Foi extremamente frustrante porque simplesmente ele foi adaptado para a Geração Z que, se não tem as coisas de mão beijada, perde o interesse em um instante, é viciada na satisfação imediata e descartável das redes sociais, o que é totalmente prejudicial à cognição, e pouco sabe lidar com o mundo real sem se fazer de vítima o tempo todo, sendo inclusive a primeira geração da história mais limitada intelectualmente do que a geração anterior.

Assim, o novo Master foi montado com perguntas extremamente bobas, fúteis e com pouca variedade de temas (no assunto Entretenimento, por exemplo, só se fala de games e animes, com raríssimas perguntas sobre livros, filmes, música, novelas e etc.), o que o torna extremamente chato e repetitivo. 

E, como se não bastasse tudo isso, praticamente todas as perguntas bobas e fúteis têm duas ou três alternativas.

Ou seja, além de ser um "conhecimento" completamente descartável, focado em modismos e que amanhã já não terá utilidade alguma, se você não souber a resposta, ainda pode "chutar" uma das alternativas e acertar (afinal, os jovens modernos não podem se frustrar).

Enfim, nada comparável ao Master lançado nos anos 80, que achamos num anúncio do Mercado Livre e fizemos questão de comprar depois da experiência decepcionante que tivemos com esse novo Master, a fim de fazermos a comparação de como o jogo era percebido por nós quando éramos crianças (um jogo desafiador e com perguntas superdifíceis e de conhecimento bastante amplo, em todas as categorias) com o que aprendemos de lá até a vida adulta atual.

E, por incrível que pareça, o negócio continua sendo extremamente interessante e desafiador, mais de 40 anos depois!

Mesmo com as experiências e o conhecimento acumulado por nós desde a infância nos anos 80 até hoje, ele continua sendo o jogo de perguntas e respostas mais diversificado e bem elaborado que eu já vi, além de ser divertido demais.

O curioso é que, com o repertório de conhecimento que você adquire com a idade versus a memória que já não está lá essas coisas, os assuntos que antes eram "fáceis" agora ficaram mais difíceis, e os assuntos que eram "difíceis" agora ficaram mais fáceis.

Por exemplo, os assuntos como Cotidiano e Entretenimento, que à época eram os mais "fáceis" para as crianças, pois abordavam coisas do dia a dia e da indústria do entretenimento que estavam na moda nos anos 80 (coisa que no Master atual acontece em absolutamente todos os assuntos do jogo), hoje ficaram mais difíceis, pois você vai ter que puxar a capivara lá da memória para lembrar, por exemplo, qual era o nome do protagonista da novela escrita por Janete Clair que passava todo dia na TV à época.

Já os assuntos como Variedades (que aborda temas como religiões, mitologia, astrologia) ou Ciências (que aborda temas como genética, química e física), que eram extremamente difíceis para nós nos anos 80, ficaram muito mais fáceis com a idade, tendo em vista tudo o que fomos estudando e conhecendo ao longo dos anos.

Mas há exceções: História e Artes, os dificílimos na infância, continuam sendo! E não só para mim, mas para praticamente todo mundo que entra no jogo.

Quem sorteia um dos dois assuntos no início do jogo (exceto meu namorado nas Artes, pois é a profissão dele e ele manda muito bem), já fica meio abalado, pois provavelmente vai ficar empacado na mesma casinha por várias rodadas...

Coisa que, infelizmente, os jovenzinhos dessa geração não estão acostumados a enfrentar, e nem terão paciência para continuar jogando numa situação desta. 

Afinal, a educação moderna baseada no "deixa ele(a) fazer o que quer, dá o que ele(a) quer, não fala "não" para ele(a), não dá responsabilidade para ele(a), não desafia ele(a), pois não podemos frustrar o(a) menino(a)" criou uma geração que não consegue se concentrar em nada e que perde o interesse em qualquer coisa que exija um pouco mais de esforço próprio, pois não foram preparados para isto. (Ai, que tristeza, que preguiça, que decepção esses pais modernos!)

De qualquer forma, seria muito bom que estivessem preparados, ou que ao menos se interessassem em se preparar nesse sentido. Assim, quando chegassem à idade adulta, não se tornariam as pessoas limitadas e inúteis que muitos estão se tornando (geração nem-nem).

Mesmo porque eu torço muito para que essa mentalidade geral, de que a vida deve ser um mar de rosas e que enfrentar dificuldades ou frustrações no meio do caminho é algo negativo, mude algum dia.

Afinal de contas, para ser um MASTER de verdade na vida, você vai ter que bater muita cabeça, estudar, se esforçar, tomar muitos "nãos" e, mesmo assim, continuar trabalhando duro, pois só superando as muitas dificuldades da vida adulta conseguirá obter sucesso.

E, caso isso não mude, infelizmente não há muito o que fazer: os jovens "esperança do futuro" se tornarão adultos limitados, infantilizados, chatos e desinteressantes, tal qual o jogo Master da Geração Z...

3 de julho de 2024

A armadilha da "opinião própria"

"Essa é a minha opinião, é isso que importa."

 "Ninguém está certo nem errado, só temos opiniões diferentes."

Já repararam que somente pessoas que não se abrem a novas perspectivas e possuem pouca inteligência emocional e autoconhecimento usam esse argumento no exato momento em que lhes faltam argumentos racionais para continuar defendendo a "opinião própria"?

Somente quem escolhe ignorar o conhecimento e suas próprias limitações não percebe a diferença entre a "opinião própria" e a opinião baseada em conhecimento.

Uma opinião baseada em conhecimento não se define por "gosto particular", "necessidade de reafirmação" ou "aceitação", mas pela realidade, pela curiosidade em aprender, pelas experiências próprias e dos outros, pela História, pela Ciência e pela análise conjunta de inúmeros fatores para se solidificar.

Não se forma da noite para o dia, e muitas vezes contradiz o que a pessoa costumava acreditar em outra época da vida.

Na realidade, não pode nem ser chamada de "opinião" se for analisada a fundo: é uma PERCEPÇÃO, que percorreu um longo caminho até se consolidar, normalmente passou por alguma resistência pessoal para ser aceita e só a partir daí passou a fazer parte do repertório de conhecimento e sabedoria adquiridos por aquele indivíduo.

Uma percepção normalmente é muito consistente, dificilmente muda da noite para o dia e somente se modifica quando uma nova experiência pessoal ou um novo conhecimento adquirido provam o contrário.

O que é absolutamente diferente de uma "opinião pessoal" (o próprio nome diz, "pessoal"), que frequentemente acaba sendo uma opinião "que vive mudando de opinião", não possui bases sólidas na racionalidade e se origina exclusivamente das emoções do indivíduo, desconsiderando qualquer aspecto da vida real que não esteja centrado em si mesmo.

É realmente uma armadilha, na qual a pessoa se prende por vontade própria para não contrariar suas próprias emoções, e que a mantém alheia à realidade, às experiências de vida das demais pessoas, a todo o conhecimento que existe no planeta e à própria história da humanidade.

Além disso, se observarmos mais a fundo, a "opinião pessoal" de um indivíduo normalmente nem tem origem pessoal: na maioria absoluta dos casos, sempre tem uma origem externa, alheia à própria pessoa.

Pode ser influenciada pelo grupinho que falou que era legal ter tal opinião, pela modinha do momento que ditou aquela opinião, pelos familiares que compartilham da mesma opinião, por alguém poderoso que manipulou aquela opinião, pela imitação da opinião do "ídolo" que o indivíduo colocou num patamar acima da humanidade, enfim, por diversas razões.

Mas, em nenhum desses casos realmente houve algum senso crítico e curiosidade para buscar um conhecimento diferente ou mais profundamente verdadeiro sobre a origem de tal opinião e, quem sabe, contestá-la.

"De onde veio esta opinião, e com base em quê eu estou defendendo isto?" são as perguntas essenciais que quase ninguém faz a si mesmo.

E simplesmente não o fazem por um motivo simples: é difícil encarar a si mesmo profundamente em sua própria individualidade, cheia de fraquezas e de fantasmas, cair e levantar desta luta interior para enfim formar uma percepção própria das coisas, ainda que falha.

É dolorido fazer isso.

É solitário fazer isso.

Exige coragem.

Exige maturidade.

Exige racionalidade.

Já emitir uma opinião pessoal é muito fácil, pois se baseia num só princípio: ignorar todos os fatos, todo o conhecimento existente e todas as evidências contrárias com o objetivo de manter intacto o autocentrismo e a "opinião própria", que na realidade nem é tão própria assim, como já exemplificado anteriormente: as "opiniões pessoais" massificadas são o que há de mais comum no mundo moderno.

Vide os estilos musicais que estão na moda, as roupas e acessórios do momento, os assuntos da moda, os "influencers" da moda, os que tentam a todo custo chamar a atenção por comportamentos bizarros e de autodestruição, os que se vitimizam, os que tentam ser "diferentões" pregando o "estilo próprio" num esforço gigantesco para não serem considerados uma "pessoa comum", mas que se comportam exatamente da mesma forma que o grupo em que estão inseridos.

Todas as pessoas que fazem o que os outros estão fazendo, falam o que os outros estão falando, se vestem como os outros estão se vestindo e se comportam como os outros estão se comportando sem realizar questionamentos internos a respeito das opiniões e comportamentos da "tribo" normalmente possuem um repertório de autoconhecimento bastante limitado, e muito pouca percepção a respeito das coisas.

E, não obstante, cada um dos milhões cuja "opinião própria" é uma mera réplica da opinião do grupo acredita piamente que está pensando por si próprio e emitindo "opiniões próprias".

E por que só pessoas de autoconhecimento limitado vivem tão arraigadas em sua "opinião própria", e dando opinião nas redes sociais o dia todo, criticando tudo e todos em relação aos mais diversos assuntos?

Enxergo duas hipóteses:

  1. Para não ficarem de fora do que está acontecendo, e por não saberem absolutamente nada sobre o assunto em pauta, desvirtuam a situação para o viés da "opinião própria" por absoluta falta de repertório e pela incapacidade de elaborarem uma argumentação estruturada em relação ao que está sendo falado ou mostrado. Nesse caso, a "opinião própria" normalmente se apresenta na forma de xingamentos e críticas ao que os outros estão fazendo, os chamados "haters";

  2. Por acreditarem que sabem muito mais do que realmente sabem sobre o assunto em pauta, a arrogância e o egocentrismo exacerbados não permitem que admitam (ou percebam) que sua "opinião" é bastante rasa quando analisada de forma realista por alguém que realmente conhece o assunto. Nesse caso, a "opinião própria" normalmente se apresenta de maneira extremamente pueril e bastante desconexa, e a pessoa que a expressa é incapaz de fazer uma conexão de ideias claras em sua argumentação para defendê-la de forma coerente.

Obviamente, a opinião das pessoas é livre e a liberdade de opinião deve ser sempre defendida, independentemente de qual seja ela.

Mas nem por isso devemos cultuar a ignorância, a ofensa gratuita, a soberba e a incapacidade de raciocínio através do endeusamento de "opiniões" que se mostrem vazias.

Tal comportamento é extremamente prejudicial e perigoso quando analisado pela perspectiva do crescimento pessoal, da evolução intelectual e da disseminação do conhecimento humano, construído ao longo de tantos séculos.

Por isso, se você baseia a sua opinião ignorando o que a ciência ou a história já comprovaram, e ainda assim prefere defender a sua "opinião própria" porque acredita ser mais sábio do que as evidências comprovadas pelo conhecimento combinado de filósofos, economistas, administradores, cientistas e estudiosos em geral, fique à vontade.

Mas saiba que defender com unhas e dentes a "sua opinião" apenas demonstrará aos seus interlocutores a sua imaturidade e sua falta de capacidade para analisar a vida e a realidade de uma forma que ultrapasse o seu próprio umbigo.

Caso você seja um desses, e não esteja aberto em hipótese alguma a estudar um pouco para conseguir abrir mão de suas "opiniões pessoais" para se esquivar de novos conhecimentos, fica o conselho: ao invés de sair pregando "achismos" aos quatro ventos com sua "opinião própria", ao menos compreenda que estará limitando o seu próprio desenvolvimento pessoal.

E como última dica, busque se preservar, ouça mais e fale menos e guarde sua opinião sem fundamento para você mesmo quando achar que deve dispará-la como ofensas gratuitas por aí.

E se for isso mesmo que deseja para sua vida, seja feliz com sua "opinião própria", que provavelmente não te levará a lugar algum.

"Tal qual urubus e águias, assim são a ignorância e a sabedoria. A ignorância vive em bandos. A jornada da sabedoria é solitária. E enquanto uma se alimenta de restos do chão, a outra te faz voar alto e enxergar longe..." (Milene Reis)

7 de setembro de 2023

O pior inimigo da mulher

Estava aqui pensando: qual e o pior inimigo da mulher?


Muita gente com certeza vai dizer que e o "Francisco", o visitante mensal que deixa a gente de mau humor, irritada, chorona e toda perturbada fisica e mentalmente.

Outros dirao que e o depilador, uma tortura rotineira para nos livrarmos dos pelos indesejaveis pelo corpo. As gordurinhas extras com certeza aparecerao na lista. Ou entao o tempo, que vai passando e te envelhecendo. Enfim, existem varios inimigos na vida de uma mulher.

Mas cheguei a conclusao de que nao existe nenhum que se compare a esse inimigo, que na verdade e uma inimiga, e das mais implacaveis: a chuva!

Voce tem um evento importante para ir, seja um casamento, um jantar romantico com um lindo ou uma festa que promete ser a festa do ano. E comeca o ritual preparatorio para a ocasiao.

Voce entra no banho. Nesse estagio ja da pra se esquivar do inimigo depilador, com uma bela gilete que tambem faz a funcao sem dor alguma. Foi facil. Vamos em frente...

Voce vai gastar pelo menos uma hora e meia para lavar, secar, fazer escova e uma chapinha na juba para domar a cabeleira.

Em seguida, mais uma meia hora para fazer aquela maquiagem produzida: base, corretivo, sombra, po, blush, rimel, lapis, batom, gloss. Nesse estagio e possivel driblar o inimigo tempo tambem, mesmo para as mulheres bem maduras. Afinal, se ate a Hebe Camargo fica com uma aparencia jovem usando uma boa maquiagem, ela da um adianto facil em qualquer uma com menos de 100 anos. Inimigo abatido.

Mais meia hora no minimo para escolher a melhor roupa, combinar tudo, arrumar e passar. Outro estagio em que voce pode facilmente enganar as inimigas gordurinhas. Escolhendo uma roupa elegante e apropriada ao seu tipo fisico, voce consegue valorizar o seu melhor. Ate as mais gordinhas, se tiverem nocao de estilo, podem se transformar nas "gordelicias", como dizem os meninos. Outro inimigo que morreu na praia.

Outra meia hora para escolher um sapato lindo que combine com a roupa.

Depois e so passar um perfume especial e pronto. Em tres horas voce consegue ficar parecendo uma princesa.

Mas ai vem ela, a grande e poderosa inimiga! E voce nao tem como fugir se ja estiver na rua, ela vai te alcancar e acabar com voce!

Guarda-chuva nao adianta nada, so colabora com o ataque dela. Uma invencao inconveniente, desajeitada, fura-olho-de-pedestre e ainda por cima totalmente inutil nessa situacao. A unica coisa que resolveria seria uma redoma de vidro flutuante, mas la existe uma redoma-guarda-chuva? (Acho que vou inventar e ficar rica!)

Enfim, ela tem o poder de destruir tudo o que voce levou tres horas pra arrumar em questao de segundos, aniquilando todos os seus encantos, avassaladora como a chegada da meia-noite para a Cinderella: transforma imediatamente a princesa numa mulamba. E nenhuma de nos tem fada madrinha para consertar o estrago num passe de magica.

Os cabelos lisos, brilhantes e cheios de movimento estilo Gisele Bundchen transformam-se imediatamente num ninho de mafagafo todo destrambelhado. 

A maquiagem, criada pra parecer uma obra renascentista de Leonardo da Vinci, de um minuto pro outro vira uma obra impressionista de Monet: os tracos e as linhas tao precisos e cuidadosamente desenhados transformam-se num borrao sem definicao, onde so se entende alguma coisa quando olhado mais de longe (e, nesse caso, nem de longe, afinal nao era nem um Leonardo da Vinci e nem um Monet. Era a sua maquiagem que agora foi pro saco...)

A roupa que levou um tempao para ser escolhida e passada vira um adesivo auto-colante no seu corpo, principalmente se a peca escolhida foi uma saia ou um vestido. Voce nao esta mais vestida, esta literalmente "embrulhada" na roupa que mal deixa voce andar grudando em tudo que e parte, evidenciando todas as gordurinhas indesejaveis e todos os defeitos do seu corpo.

O sapato, coitado, continua combinando com a roupa: virou uma porcaria igual. Ta mais pra uma salmoura do que pra um sapato, uma bacia cheia de agua com o seu pe dentro. Com muita sorte sobrevivera a esse ataque da inimiga. Pior ainda e que toda essa agua cheia de sujeira que encharcou o coitado ainda continuara sendo respingada nas suas pernas a cada passo que voce der dali por diante, colaborando ainda mais pra incrementar o visual mendigo.

O perfume frances importado muda de essencia num piscar de olhos: as notas de almíscar branco, tangerina, jasmim de quatro pétalas da Indonésia, lírio-do-vale, ambar e cereja em um segundo escorrem pelo ralo e viram cheiro de cachorro molhado.

Pra completar o estrago, voce com certeza vai ficar mais feia ainda por causa da cara de mau humor apos o ataque da inimiga. Isso se voce nao chorar e ficar toda vermelha de odio (um efeito bem parecido com aquele que o "Francisco" causa, porem sem tanta culpa no cartorio).

Bem, acho que nao preciso mais argumentar sobre a grande inimiga. Ela e realmente cruel! Depois desse ataque voce quer mais e voltar pra casa, colocar o pijama de ursinho e que se danem o casamento, o lindo no restaurante ou a festa. Sentimento de derrota total. A inimiga te venceu mais uma vez.

E o Gene Kelly que me desculpe, mas so mesmo sendo homem para sair cantando numa situacao dessas...

28 de julho de 2023

O machismo

Frases retiradas de revistas femininas das décadas de 50 e 60:

- Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afeto, sem questioná-lo (Revista Claudia, 1962)

- A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa (Jornal das Moças, 1965)

- A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas (Jornal das Moças, 1959)

- Se o seu marido fuma, não arrume briga pelo simples fato de cair cinza no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda a casa (Jornal das Moças, 1957)

- Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas (Jornal das Moças, 1957)

- O noivado longo é um perigo, mas nunca sugira o matrimônio. ELE é quem decide, sempre! (Revista Querida, 1953)

- Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde da noite espere-o linda, cheirosa e dócil (Jornal das Moças, 1958)

- É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido (Jornal das Moças, 1958)

- O lugar de mulher é no lar (Revista Querida, 1955).

Apesar de tudo isso ter sido escrito há quase meio século, a gente percebe que pouca coisa mudou nesse sentido. Ou então as maiores personalidades femininas do mundo atual (ou mesmo as mulheres comuns que lutam pelo que querem, têm idéias próprias e não se submetem a qualquer coisa) não teriam tanta dificuldade em encontrar um parceiro...

Filme do dia: Mulheres Perfeitas (com Nicole Kidman, Matthew Broderick, Bette Midler e Glenn Close)

23 de julho de 2023

O feminismo

Acabei de falar mal do machismo. Mas pra que ninguém fique pensando que eu sou uma feminista revoltada, hoje vou falar sobre o feminismo.

Sempre pensei a respeito desse movimento: o que ele teria feito pelo bem das mulheres?

Pois cheguei à conclusão de que o movimento feminista, do modo como foi proposto, acabou prejudicando mais do que ajudando a mulher moderna. Vou explicar o meu ponto de vista.

Antigamente a mulher tinha que ser submissa ao homem, não podia trabalhar fora e tinha a única função de cuidar do marido, da casa e dos filhos, a criação dela era direcionada para satisfazer as necessidades do homem, não podia ter vontade própria, não podia estudar, e por aí vai.

Certas coisas nesse sentido realmente são inadmissíveis: porque a mulher seria um ser inferior ao homem, por ter menos força física? No tempo das cavernas isso até poderia valer como uma verdade, pois o mais fraco fisicamente era realmente menos privilegiado na vida selvagem. Mas com a evolução do homem, esse parâmetro perdeu totalmente a validade.

Não estamos mais na idade da pedra onde a sobrevivência depende da luta corporal e apenas o mais forte sobrevive porque consegue matar o inimigo junto com o bisão e assim garantir a comida. Não precisamos mais "brigar fisicamente" para conseguirmos o nosso sustento e garantirmos nossa sobrevivência. E além disso, com os equipamentos existentes na época atual, se o fracote tem uma arma de fogo o fortão perde pra ele, não é mesmo?

A verdade é que, na minha opinião, o feminismo pecou pelo exagero e acabou errando.
Reivindicar os direitos e o respeito à mulher foi o ponto positivo mais do que justo e necessário, e isso já devia ter sido percebido pelo ser humano moderno há muito mais tempo, aliás.
Mas sinceramente acredito que, independentemente do feminismo, isso acabaria acontecendo naturalmente.
O que eu acho é que o movimento feminista falhou num ponto crucial: se rebelar porque queria que a mulher fosse IGUAL ao homem. Aí estragou tudo!

Porque isso é fato: homens e mulheres são diferentes, aceitem ou não os machistas, as feministas, ou qualquer pessoa. Pensam diferente, agem diferente, enxergam diferente, têm habilidades diferentes, isso tá mais do que comprovado. E isso se deve às diferentes funções exercidas por cada sexo na evolução da espécie, o que acabou desenvolvendo habilidades diferentes em cada um.

Em geral, o homem tem um senso de direção e noção espacial melhor que a mulher SIM, a mulher consegue prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo SIM, o homem tem mais objetividade racional que a mulher pra resolver problemas SIM, a mulher é mais emocional e amorosa que o homem SIM, e por aí vai... O que absolutamente não quer dizer que um é superior e o outro inferior, um é mais inteligente e o outro mais burro, um é melhor e o outro pior, nada disso! São apenas DIFERENTES!

Aí, com essa tentativa de igualar os sexos, o que acabou acontecendo foi o seguinte: a mulher moderna passou a exercer o papel feminino e masculino ao mesmo tempo e o homem ficou totalmente perdido sem saber qual seria o seu papel nessa mudança e deu uma acomodada em suas funções masculinas por conta disso.

Resultado: super mulheres que fazem "tudo ao mesmo tempo agora", ultra estressadas, pouco femininas, agressivas, que partem pro ataque e estão sempre se frustrando. E por outro lado homens inseguros, sem saber direito como agir, acuados, esperando o assédio feminino, e que continuam subvalorizando a mulher (exatamente o que o feminismo abominava, como afirmei no post sobre o machismo: pouca coisa mudou nesse sentido nos dias de hoje). Tudo errado.

Pra coisa dar certo, na minha humilde opinião, deveria funcionar assim: profissionalmente, que a mulher pudesse optar por ser a dona de casa ou a mega empresária e independentemente disso ela fosse respeitada, valorizada e vista como um ser tão capaz e inteligente quanto o homem que cuida dos filhos em casa ou dirige uma multinacional, e vice-versa.

Além disso, que houvesse o equilíbrio passado-presente na relação homem-mulher: que o homem continuasse com a função do "macho" na arte da conquista (sem o puritanismo do passado, nem a libertinagem do presente), que as mulheres continuassem femininas (sem a submissão do passado, nem a vulgaridade do presente), e que ambos se respeitassem e entendessem suas diferenças.

Esse meu ideal é utópico, eu sei, e infelizmente muitas vezes temos que nos adaptar à realidade dos dias de hoje mesmo contra nossa vontade para conseguirmos alguma coisa sem sermos devoradas pela "concorrência" atacando sem dó nem piedade.

Mas honestamente, no sentido romântico da coisa, estou certa de que nesse ponto eu me adaptaria muitíssimo melhor ao jeito que as coisas eram lá pelos anos 50.

Porque é uma coisa muito mais natural da minha personalidade conceder a honra da dança ao pretendente com o qual estou flertando do que ligar para o cara que estou a fim e chamá-lo para ir na balada comigo...

22 de março de 2023

Please, please me

Foi em 22 de março de 1963, quando tudo começou. E depois desse dia, o mundo nunca mais seria o mesmo.

Quer me perguntar por que tudo mudou nesse dia?

Você não precisa fazer isso, porque eu quero contar o que aconteceu nesse dia especial, exatamente 50 anos atrás: o álbum Please Please Me foi lançado.

E depois disso, o mundo da música nunca mais esteve em Misery", porque aquela banda maravilhosa estava pronta para mudar o mundo da música.

Eu estava lá. Eu vi o que aconteceu.

Havia um lugar onde eu costumava ir com meus amigos, tomar bebidas e ouvir rock’n’roll. Eu, minha amiga "Anna" e os rapazes da faculdade costumávamos sair lá o tempo todo.

Mas naquele dia, quando a música começou a tocar, foi diferente de qualquer outro dia.

As pessoas sentiram o "Taste of Honey"  naquele som perfeito e, de repente, todos ficaram loucos! 

Por todo o lugar, as pessoas estavam cantando, dançando e cada pessoa lá começou a "Twist and Shout"! 

Até uma garota solitária no bar (sim, "I saw her standing there") quebrou todas as correntes da sua timidez e cantou "Love me do" bem alto!

E "do you wnat to know a secret"? Naquela noite, Anna se virou para um dos nossos amigos e, depois de anos sabendo que eles gostavam um do outro, ela sussurrou no ouvido dele:

- "Baby, it’s you!" (eles se casaram alguns anos depois, felizes para sempre)

Foi mágico! O amor estava por toda parte, a música era perfeita e alta, as pessoas estavam felizes e eu sabia que o futuro seria melhor por causa da criatividade, da vibração e da música perfeita que uma banda compartilhou com o mundo naquele dia: The Beatles.

E eu gostaria de agradecer a eles por me darem e a todos no mundo tantos momentos incríveis preenchidos com suas músicas maravilhosas.

The Beatles, vocês são os melhores! Parabéns pelo 60º aniversário do seu primeiro álbum.

Suas músicas e seu talento vão durar para sempre e sempre! :)

"PS: I LOVE YOU!!!"

4 de outubro de 2022

Para refletir

"O seu poder de atuação no mundo é muito pequeno. 
Você não pode ensinar uma pessoa, a não ser que ela queira aprender. 
E você não pode mudar o outro. 
O máximo que você pode fazer é ajudá-lo a mudar algo que ele deseja mudar em si mesmo" 

(Olavo de Carvalho) 

27 de setembro de 2022

Que tempo e esse?

Estava fuçando na minha caixa de e-mails e achei esse poema que escrevi ha mais de um ano, num dos muitos momentos filosoficos da minha existencia.

Espero que curtam, e mais ainda, espero que se identifiquem!

Que tempo é esse
Em que a quantidade é melhor que a qualidade
Em que a uniformidade vale mais que a originalidade
Em que a futilidade é mais nobre que a intelectualidade
E a falsidade tem mais força que a verdade?

Que tempo é esse
Onde o sexo é mais importante que o amor
Onde o carinho é sinônimo de carência
Onde o interesse pelo próximo é desespero
E demonstrar afeto é sinal de fraqueza?

Que tempo é esse
Em que a baixaria supera a poesia
Em que o barulho é música
Em que a vulgaridade é arte
E o lixo é cultura?

Que tempo é esse
Onde sinceridade significa ingenuidade
Onde a aparência vale mais do que o caráter
Onde ter importa mais do que ser
E a ignorância tornou-se uma virtude?

Que tempo é esse
Em que ser honesto é ser bobo
Ser autêntico é ser ridículo
Ser sentimental é ser inseguro
E ser inteligente é ser chato?

Que tempo é esse
Onde o mais forte é aquele que mais máscaras consegue usar
Onde o mais inteligente é aquele que mais consegue ludibriar
Onde o mais belo é aquele que melhor sabe maquiar
Onde o mais recompensado é o que melhor sabe usurpar?

Que tempo é esse
Onde todos ao meu redor perderam a razão
E essa insanidade, por ser algo tão comum
Faz-me achar que eu é que estou louca
Por pensar diferente desses tais “normais”?

Esse é o tempo em que vivo.
E que na certeza de minha total e absoluta sanidade,
Definitivamente, não me encaixo...